PARTICIPANTES:
Nelson Ferreira ?
Semp Toshiba Rogério Moreira ? IBTA Marcos Kenzo
? Omni José Roberto Cunha ?
Sebrae Janete Dias ? Fiap e Módulo Marco Antônio
Leal ? OMNI Flávio Morgado ?
PUC/SP Gabriela Freitas ? Saraiva.com Ruy Leal
? Moderador e superintendente do Instituto Via de Acesso
O
objetivo dessa mesa redonda é discutir o perfil de profissionais que empresas
estão recebendo e contratando, o ponto de vista das universidades quanto ao
relacionamento com empresas, assim como oportunidades no mercado de
trabalho no setor de comércio eletrônico. O jovem de hoje não tem
dificuldades para montar um site. Domina, com facilidade, a Internet e possui
relação amigável com a tecnologia. Quer crescer rapidamente no mundo do
trabalho, mas, falta a ele visão de negócio. O mundo do Comércio
Eletrônico, do B2B ou B2C, é um ambiente que o jovem não domina. Construir uma
loja eletrônica é mais complicado do que navegar na internet e ganhar dinheiro
com isso exige preparo. empresas que atuam no Comércio Eletrônico
encontram dificuldades para encontrar jovens para trabalhar nesse segmento
porque não possuem visão do negócio por inteiro. Ele precisa ser curioso para
ter chance de sucesso, pois sempre precisará estar disposto e ter interesse para
buscar e pesquisar novas informações. O jovem precisa entender de
logística, infra-estrutura, marketing, atendimento e como tudo se relaciona no
mundo do e-commerce. empresas pequenas acham que o e-commerce é uma
ferramenta ou um mecanismo de negócios destinado às grandes empresas somente,
mas não é a realidade. É preciso desmistificar isso junto às pequenas empresas e
junto aos jovens nas escolas formadoras para o segmento. escolas, por
outro lado, são muito focadas em TI. Incentivam os estudantes a já sair para o
mercado com o seu ?PJ?, que empresas solicitam para contratar. Os jovens se
assustam com essa realidade empresarial. Para uma das grandes empresas
participantes, é possível perceber que o jovem tem um único foco, seja TI,
comercial ou outro. Entretanto, neste ramo é preciso que haja conhecimentos mais
abrangentes. Muitos candidatos chegam preparados para encontrar estruturas de
multinacionais e esquecem que há pequenas e médias empresas, fazendo com que ele
não saiba lidar com algumas situações. Muitas empresas estão se lançando no
comércio eletrônico e é preciso ter jogo de cintura para a diversidade de
estruturas. O sistema de job rotation faz com que o jovem conheça várias
estruturas e departamentos para saber onde ele quer se encaixar. Há muitas
oportunidades neste mercado. Por outro lado, os alunos voltados à área de
web são muito autodidatas. É visível a diferença entre um aluno de web e um de
gestão. Hoje, quem quiser atuar bem na área de internet precisa ser
empreendedor. É preciso ser técnico e gestor ao mesmo tempo. Esse é o maior gap
que demanda solução. Até porque, quem é focado apenas no lado técnico tende a
subir mais devagar na carreira. Muitos jovens dessa área não dão muito
valor ao empreendedorismo porque têm tudo de ?mão beijada?. A escola precisa
estimular e influenciar seus alunos neste sentido. Percebe-se que há dois
tipos de empreendedor: por oportunidade ou por necessidade. A maioria é por
necessidade, o que nem sempre é muito bom, pois essa pessoa acaba chegando ao
mercado com preparação insuficiente. Há espaço no mercado para todas
áreas, mas é preciso ter uma ligação entre elas. É o que se denominou de
carreira em Y.
Chegou-se à definição de três perfis básicos de profissionais:
1) empreendedor: é o que arrisca e cria; 2) executivo: é o
que depende de uma estrutura pronta e administra essa estrutura; 3)
especialista: é o que quer ser reconhecido pelo saber, só que ele pode chegar a
um grau de refinamento que acabe empreendendo. Portanto, na hora de
selecionar, a empresa precisa definir qual é o perfil de funcionários que ela
está buscando. Além disso, escolas precisar formar pessoas com um perfil que
as empresas estão solicitanto. Só que para isso, é necessário haver mais diálogo
entre duas partes. Mas é preciso ter cuidado para que a escola não vire um
programa de treinamento das empresas e uma das saídas para isso pode ser o foco
no produto e no comportamento dos alunos. A faculdade não tem muita
liberdade para se adaptar ao mercado, pois não pode modificar muito sua grade,
pois há disciplinas obrigatórias do MEC. Uma alternativa é estimular o
contato dos alunos com empresas, talvez até com estágios mais cedo. É
preciso também investimento no corpo docente para que os professores possam se
dedicar mais a pesquisas e saiam dos muros da vida acadêmica. Afinal, o
professor é o modelo desses jovens. O perfil que empresas buscam é
que seus jovens funcionários sejam ousados, inovadores, criativos, persistentes,
curiosos, interessados, responsáveis e crentes no que fazem. Além disso, eles
precisam ser usuários e se empolgar com o trabalho. É preciso também conhecer um
pouco da empresa que buscam uma vaga, além de conseguir trabalhar bem em equipe
e contar com uma visão de futuro para si próprio e para a empresa. Embora
esse seja o perfil ideal, essas qualidades citadas não existem nos jovens. É
preciso fazer essa ponte para que ele desenvolva, pois a formação educadional
brasileira não estimula a cooperação mútua e muito pouco a competição. O mercado
exige empreendedorismo. Tem que se arriscar gradualmente. Nunca se dá a grande
tacada no começo da vida. A grande tacada vem depois de centenas de
tentativas. Por outro lado é preciso ter atenção para não buscar ou até
mesmo contratar um ?super estagiário?, já que isso iria gerar problemas também,
inclusive da falta de estímulos. O jovem está sempre em busca de desafios e se
isso não ocorrer, rapidamente ele irá mudar para outra empresa. A determinação é
importante, pois se o jovem é determinado, ele acaba tendo outras coisas também,
como um plano de vida. Na áera de TI, a busca é sempre por profissionais
que transitem por vários setores, não apenas como trabalho, mas como
interdependência deles. Atualmente empresas estão em busca de inclusão com
diversidade e não há como lidar com essas diferenças se não houver uma forte
relação interpessoal. Nas escolas participantes desta mesa redonda há
várias iniciativas nesse sentido. Entre elas estão a abertura de espaço para
interação, estímulo a trabalhos em grupo, representante de turmas que participam
de reunião periódica com coordenação do curso e até mesmo um departamento de
carreira dentro da universidade. Entretanto há uma ressalva em virtude do
conceito de que o aluno é o cliente, quem paga mensalidades. Só que, na
verdade, o cliente é o mercado. E isso precisa ficar muito claro durante todo o
processo universitário. Para que os problemas sejam minimizados, é preciso que
os professores saibam impor respeito para conseguir dominar e conquistar os
alunos. É concenso de que a questão comportamental é fundamental na
formação de jovens. Assim como questões de comunicação, seja ela verbal ou
escrita, e a ética, especialmente nessa área que permite acesso a dados
confidenciais. Tendo em vista que cerca de 84% das dispensas no mercado
mundial estão ocorrendo por falhas comportamentais e de conduta, o respeito e a
ética se tornam cada vez mais fundamentais. É preciso ir atrás da felicidade
coletiva e não apenas do progresso individual. O jovem não se sente respeitado
pela sociedade e quando ele olha para os nossos governantes e alta cúpula, os
modelos existentes não priorizam ética e respeito.
Professores falam do assunto, mas não agem assim, pois muitos enrolam na aula e
não cobram de seus alunos. O objetivo deve ser colocar os jovens numa realidade
empreendedora, com visão de equipe.
Finalizando, há o consenso de
que: ? Há muitas oportunidades neste setor, mas é preciso ter
maleabilidade para lidar com situações e estruturas diferentes das
multinacionais, já que muitas empresas estão se lançando no comércio
eletrônico; ? Alunos de web são auto-didatas e ainda não aprenderam a
ser gestores. O ideal é aliar técnica e empreendedorismo, que não é muito
valorizado pelos jovens desse setor; ? Há dois tipos de empreendedor:
por oportunidade ou por necessidade. O segundo é mais comum e menos
preparado; ? Existem três perfis básicos de profissionais:
empreendedor, executivo e especialista e a empresa precisa definir qual ela quer
contratar; ? As escolas não estão formando pessoal de acordo com o
perfil buscado pelo mercado; ? As universidades não podem modificar
grades curriculares. Uma alternativa é estimular o contato dos estudantes com
empresas; ? O perfil desejado pelas empresas é de um jovem ousado,
inovador, criativo, persistente, curioso, interessado e responsável, além de
saber trabalhar em equipe e ter um plano de futuro pessoal e para a
empresa; ? É preciso ter cuidado para não buscar um ?super
estagiário?, que ficaria desmotivado sem desafios constantes; ? É
preciso investir nos professores, que são modelos para os alunos; ?
Jovem precisa ter uma forte relação interpessoal, além das questões
comportamentais, comunicação verbal e escrita, e ética, já que o comércio
eletrônico permite acesso a dados confidenciais; ? Algumas
universidades tem tido iniciativas no sentido de melhorar essas questões;
? Aluno não é o cliente. O cliente é o mercado.
Via de Acesso
|