Setor de
Energia
PARTICIPANTES:
Francisco Guapo de Almeida? Diretor de Empreendimentos da
Jaraguá Equipamentos
Prof.Ely Antônio Tadeu Dirani ? Diretor da Faculdade de
Matemática, Física e Tecnologia da PUC- SP
Prof.Luis Carlos Bertevello? Coordenador Chefe de
Engenharia Química da FEI
José Roberto Cunha ? Consultor na área de
Comércio Internacional do Sebrae
Prof.Maurício Ferreira ? Professor de Engenharia Mecânica da
FEI
Antão Ikegami ? Diretor de Relações Empresariais da Fatec ?
São Paulo
Talita Tafaneli ? Responsável pela Área de Desenvolvimento
Organizacional da Comgás
Carlos Ribeiro ? Diretor da Central de Transmissão de
Energia Elétrica do Estado de São Paulo
Walter Barelli ? Coordenador e conselheiro do Instituto Via
de Acesso
Ruy Leal ? Moderador e superintendente do Instituto Via de
Acesso
A idéia dessa mesa redonda é discutir o ponto de vista das
universidades e que tipo de profissionais empresas estão recebendo e
contratando, assim como oportunidades no mercado de trabalho no setor de
energia.
(Uma) Empresa de distribuição de gás afirma que não é fácil achar
profissionais específicos para área. Normalmente recebem estudantes de diversas
faculdades de primeira linha de engenharia. Possuem convênio para a formação de
Técnicos Gazsistas e se dispõem a complementar o curso dentro da instituição. Os
estudantes dessa área são facilmente absorvidos pelo mercado. (Esta) A empresa
está se expandindo para o interior (Campinas) e para o litoral (Santos). Com
isso, estão sentindo a necessidade de formar novos profissionais.
Para a empresa de transmissão de energia é de vital importância o cuidado
que faculdades devem ter com a formação dos alunos. Segundo ela, é frustrante
para uma estatal captar estagiários com potencial e não conseguir efetivá-los. A
empresa possui um programa de estágio agressivo, com estudantes de primeira
linha, que saem das instituições de ensinos bem formados, com grande curiosidade
e disposição para se arriscar em novos empreendimentos. Para ela, esse mercado
está em expansão e suas necessidades estão sendo supridas. Nota-se uma tendência
maior dos estudantes em optarem para a área de eletro-técnica muitas vezes por
falta de informação sobre os outros campos de atuação. A estatal está
interessada em melhorar seu programa de estágio e ampliá-lo, abrindo novas vagas
ainda este ano. A idéia é formar novos profissionais para a área e chamar os
melhores para dentro da empresa. Outro ponto importante se refere à supervisão
desses estagiários por meio de tutores e a criação de metas de trabalho.
Uma das faculdades presentes afirma que está criando novos cursos na
área, com três ou quatro anos de formação, de acordo com necessidades do
mercado. Estes cursos estão surgindo tanto no ensino médio quanto no
superior.
Outra conceituada instituição de ensino afirma ter como objetivo fornecer
uma base sólida aos estudantes aliada às necessidades do mercado. Eles lembram
que tradicionalmente os engenheiros querem trabalhar com equipamentos e não
pensam em algo abstrato como a energia. Há necessidade de direcionar os alunos
para esta área. Essa faculdade é conhecida por sua atuação na formação de
profissionais para o setor automobilístico, mas ressaltam que possuem obrigação
de dar ao estudante uma noção de mercado e empregabilidade, levando em conta que
setor energético está em pleno desenvolvimento. Nas universidades, muito
engenheiros acabam direcionando a carreira para áreas administrativas e
financeiras.
A empresa de gás notou que os estagiários só conseguem enxergar novas
possibilidades de carreira já dentro do estágio.
universidades são unânimes em afirmar que a aproximação das empresas é
um fator motivacional para os alunos.
Buscando suprir necessidades do mercado, uma das universidades está
implementando uma nova metodologia de ensino baseada na resolução de problemas.
Este método já é usado na engenharia biomédica e deve se estender aos demais
cursos. Na conclusão de curso, os alunos devem conseguir trabalhar em grupo,
desenhar um projeto e ver sua aplicação nas empresas existentes. Esta é uma
forma de trazer necessidades das empresas e os seus projetos para dentro das
escolas.
Entre inovações apresentadas pelas escolas, consultor citou o curso de
empreendedorismo que possibilita uma visão ampla do mercado e a viabilidade dos
projetos em fase de desenvolvimento. Essa disciplina prepara os estudantes para
serem potenciais empreendedores ou futuros consultores. Para empresas, esse
curso promove o intra-empreendedorismo. É necessário despertar a curiosidade do
jovem para a área de engenharia já no ensino médio.
Um professor lembrou que o governo chegou a lançar um programa que
estimulava o empreendedorismo nos jovens do ensino médio, mas ainda é uma
iniciativa tímida diante da necessidade do mercado.
Um dos diretores lembra mudanças sofridas pelo mercado. Em 1998, o
modelo do setor elétrico passou por mudanças, tornou-se altamente competitivo
com licitações. Depois apareceu a questão ambiental e os aproveitamentos
energéticos foram postergados. A saída será forçar o investimento nas
termoelétricas.
Diretor de uma empresa de equipamentos conta que 70% de seus funcionários
são engenheiros e tecnólogos. A empresa está expandindo seus negócios na área de
bioenergia. Fazem parcerias para oferecerem treinamentos aos funcionários e
ampliaram seu programa de estágios, nos quais já estão efetivando alguns
estudantes. Eles afirmam ter carência de pessoal. O etanol é uma área ainda em
encaminhamento, empresas irão se expandir e não há mão?de?obra suficiente.
Estamos vivendo um limiar de mudanças na área energética. Em 2025, o Brasil terá
cerca de 750 novas usinas de etanol. Precisamos renovar e formar novos
profissionais.
Fazendo uma análise apurada do mercado, vemos que o país ainda tem muito
o que crescer nessa área. Hoje só aproveitamos um terço da capacitação de
energia da cana, por exemplo. Na palha podemos tirar mais etanol. Há também o
processo de hidrólise. Temos muito potencial, mas não existe um planejamento
nacional estratégico.
Outro fator observado nas empresas é automação das novas usinas. Elas
terão cada vez menos operários manuais e necessitarão de mão-de-obra
tecnológica. Por outro lado, a manutenção de máquinas será maior e passará a ser
preventiva, exigindo maior aprimoramento dos engenheiros. Hoje no mercado há
falta de engenheiros de projeto, engenheiros químicos, ?cadistas?, engenheiro de
detalhamento de projetos, entre outros. O engenheiro termoelétrico é raro, pois
o mercado não pedia esse profissional até pouco tempo atrás. Não achamos esses
profissionais e já existe a demanda no mercado.
universidades concordam que o país está com sérios problemas de
planejamento, pois não tem profissionais capacitados. É difícil atrair o
estudante para a área de tecnologia. A eletrotécnica, por exemplo, é uma área
quase inexistente. É necessário acompanhar o crescimento das novas usinas.
Estamos muito abaixo da necessidade do país. O jovem está alienado com relação
às necessidades do setor. É preciso fazer um planejamento para próximas
décadas.
Para instituições de ensino, os estágios devem ser trabalhados de
forma conjunta com empresas e para promover uma orientação no desenvolvimento
de carreiras. Também temos carência de estudantes empreendedores, com visão de
negócios. Além disso, existe a dificuldade em dar continuidade aos projetos
desenvolvidos nas universidades devido aos horários, provas e a legislação
específica para estágios aplicada pelo MEC. O curso de formação deve ser
exigente e a especialização menos focada. Essas instituições ainda estão muito
afastadas do mercado.
Finalizando, há o consenso de que:
? O setor promete um futuro promissor, mas a juventude não tem
conhecimento.
? As empresas são favoráveis aos estágios. Hoje, eles
significam contratação.
? Os estágios seguem um modelo padrão, não é
emprego, é aprendizagem e necessita de um tutor.
? Os engenheiros gostam
do trabalho mecânico e não se sentem atraídos pelo setor energético.
? As
universidades estão criando novas metodologias de ensino e também querem se
aproximar do mercado.
? É preciso maior empreendedorismo.
? Na área
de bioenergia há uma dissonância entre o que temos e o que precisamos. A
mão-de-obra se tornará preventiva.
? Não há entrada suficiente de novos
alunos. Como solução é preciso buscar os alunos no ensino médio.
? O jovem
não entende o que é a engenharia e opta pela lei do menor esforço. Só que essa
área precisa de conhecimentos sólidos de matemática, física e química.
? É
necessário um projeto que vise um planejamento nacional para a energia
?
Como forma de aproximação surgiu a idéia de universidade e empresas discutirem
os projetos de estágios juntos.
? Uma das carências do mercado está na
falta de visão de negócios.
? Há problemas de horários nos estágios, fato
que esbarra na legislação.
? Os engenheiros devem ter uma visão mais
abrangente.
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