PARTICIPANTES:
Renata
Tubini ? Responsável pela Diretoria
de Desenvolvimento das Pessoas do Banco Itaú
Marlene
Pinheiro ? Responsável pelo setor
de Gestão de Pessoas da Caixa Econômica Federal
Francisco
Baqueiro ? Sócio-diretor Synthesis
Consultores
Simone
Tavit ? Coordenadora da Central de
Estágios da FAAP
Hazime
Sato ? Diretor de Instituto Mauá de
Tecnologia - Administração
José Roberto
Cunha ? Consultor na área de
Comércio Internacional do Sebrae
Maria do Carmo
Schwandner Ferreira - Coordenadora
de Estágios do Curso de Administração de Empresas da Puc-SP
Walter
Barelli ? Coordenador e conselheiro
do Instituto Via de Acesso
Ruy
Leal ? Moderador e superintendente
do Instituto Via de Acesso.
A idéia dessa mesa redonda é
discutir o ponto de vista das universidades e que tipo de profissionais
empresas estão recebendo, assim como oportunidades no mercado de trabalho do
setor de serviços financeiros e bancários. Em grande banco privado, a
administração central conta com profissionais diferenciados, que inclui
auditoria, tesouraria. Há cerca de 500 estagiários e trainees sendo preparados
na administração para assumir futuras funções. Os estagiários não são
encaminhados para agências do banco. O grupo busca jovens com formação
diferenciada, habilidades específicas, competências empreendedoras e que
valorizem a ética. ?A base do ensino é fundamental, mas fazemos questão das
habilidades. É um banco formado por engenheiros e, por isso funciona bem, com
foco sempre no resultado e no cliente?, afirma. Os bancos públicos eram mais
sedutores para os jovens antigamente e, hoje, eles estão acordando para a grande
rotatividade de pessoal que se encontra no mercado. Para entrar na instituição é
necessário prestar um concurso.
Uma de suas diretrizes é ser a
melhor empresa para se trabalhar. ?Para quem é concursado, proporcionamos cursos
em escolas corporativas para a formação de profissionais, apresentando todo o
conhecimento que é preciso para se fazer uma carreira?, explica a responsável. A
Instituição conta com adolescentes aprendizes, que vão dos 15 aos 18 anos e
trabalham nas agências e na matriz, acompanhados por um gestor. Este banco
possui uma Universidade Corporativa com aulas diferenciadas, que incluem
conhecimentos de matemática financeira. Os estagiários são divididos entre
médios (2º e 3º anos do ensino médio) e superiores (3º e 4º anos do ensino
superior). Antigamente havia o cargo de bancário temporário, mas não é mais
utilizado pelo banco. Foi também discutido que o desafio das organizações é
conseguir fazer o jovem se tornar efetivo. ?Hoje, organizações estão
começando a se preocupar com isso e estão criando novos modelos de programas de
estágio. Ainda há pouco intercâmbio entre empresas e escolas?, foi citado.
competências criam intra-empreendedorismo, ou seja, preparam os jovens para
trabalhar nas empresas, mas ainda pode ir além, fazendo com que esses jovens
saiam da faculdade e montem seu próprio negócio. Uma instituição educadora conta
com três iniciativas para incentivar o empreendedorismo. Uma delas é contatar o
cidadão para trabalhar. A segunda é o curso ?Jovens Empreendedores?, que é
aplicado em escolas públicas e particulares, mas que ainda precisa ser
aprimorado. A terceira é o ?Desafio?, que é um jogo de como empreender e gerir
empresas. ?A minha dúvida é saber se empresas conseguem transformar os
jovens, já que os valores culturais brasileiros não são empreendedores?,
pergunta o consultor. Nas faculdades, os alunos estão muito voltados ao
empreendedorismo, pois a universidade oferece curso específico sobre o assunto.
Os estágios nos departamentos financeiros são muito atraentes para os jovens,
especialmente pela remuneração do mercado. ?Por outro lado, percebemos que estes
alunos também são muito cobrados. Não sabemos dizer até que ponto essa
aceleração na carreira é saudável?, diz a coordenadora.
O diretor de um conceituado
instituto explica que é interessante a formação do banco privado ser de
engenheiros, pois esses profissionais costumam ter uma visão muito linear do
mercado. ?O mundo da negociação, entretanto, é imperfeito e embasado na
diversidade. No Brasil ainda não há integração entre os estagiários e os
objetivos das empresas. Gostaria de saber em que estão focadas essas faculdades
corporativas, se é na percepção sistêmica ou no foco do mercado?, questiona.
Para ele, o estágio ainda é encarado como mão-de-obra barata e hoje estamos
começando a resgatar valores como ética e preservação. ?A integração entre
escolas e empresas é fundamental, mas é preciso que ambas se engajem num
objetivo comum, precisam formar mentores, que são figuras fundamentais para o
sucesso da formação do estudante.? Para melhorar, é preciso que haja iniciativas
que estimulem esta formação, como por exemplo, incentivar a leitura entre os
jovens. ?Meus alunos fazem clippings diários sobre um assunto determinado. Além
de terem que ler os jornais e revistas, eles entregam um relatório mensal, que
vale nota, relacionando os assuntos e fazendo com que eles ampliem a visão
sistêmica do país. Esta foi a forma que consegui implantar o construtivismo nas
escolas de alto nível?, explica. Em outra universidade, os jovens procuram
estágios mais voltados para a área de administração financeira. ?Lidamos com
jovens diferentes. Optamos por uma formação mais humanista e ensinamos até a
maneira do jovem se vestir. Temos contatos com ótimos estagiários, mas nos
entristece ver que eles são encarados como mão-de-obra barata na maioria das
empresas. Vemos alunos fazendo o que chamamos de terceiro tempo, pois eles se
envolvem demais com o trabalho, especialmente em alguns bancos?, diz a
coordenadora. Segundo a responsável pelo banco privado, apesar dele ter sido
estruturado por engenheiros, houve uma mudança grande e hoje a busca é por
criação de novos empreendedores e modelos de gestores. ?Buscamos pessoas capazes
de encontrar respostas inéditas. Para isso, há uma mobilização da organização
como um todo. Estamos, inclusive, trazendo profissionais de outras áreas, mas
este é um processo que deve durar uns 10 anos.? A instituição investe em 22
áreas de negócios, buscando sempre liderança e empreendedorismo. Com isso, há
100% de contratação dos jovens que fazem estágios na administração central.
?Contamos com 800 aprendizes e estágios para afro-descendentes?. Para os jovens
que já se formaram, há programas de trainees na maioria das instituições do
setor financeiro e bancário.
O desafio das empresas é
reconhecer nesses jovens pessoas que saibam trabalhar cooperativamente. Na
instituição pública financeira, por exemplo, é possível que estagiários sigam
carreira, embora precisem prestar concurso. Desde 1996 há processos internos de
seleção de gerência. ?Nossa universidade existe há três anos e conta com dois
núcleos e propõe conhecimentos novos, como o curso de gestor. Somos bem vistos
como formadores de estagiários. Por outro lado, não está fácil conseguir
estagiários, pois a educação dos jovens está muito ruim?, afirma. Por fim, o
setor de serviços financeiros e bancários busca pessoas que saibam trabalhar no
foco com o cliente, eficiência, eficácia, atitude, entusiasmo e interação. Mais
do que isso, é preciso não deixar de lado o resultado, ter habilidade contínua,
curiosidade e inteligência emocional. Do ponto de vista das universidades, os
jovens não ouvem mais falar em planos de carreira, pois tudo é muito
imediatista. Uma das soluções é resgatar valores com movimentos pequenos, sem
esperar nada muito grandioso. ?O importante é que a ação precisa começar?,
afirma o consultor.Finalizando, há o consenso de que:
? O
mercado precisa de jovens com formações diferenciadas, não apáticos, com
interesse pelo social e pela ética;
?
empresas estão envolvidas na formação dos jovens fazendo intercâmbio com
escolas;
?
empresas buscam valores que a família e a escola não estão oferecendo
? Os
estagiários, em muitos casos, ainda são considerados como mão-de-obra barata no
mercado
?
Escolas e empresas precisam trabalhar em projetos comuns, como fazer o jovem ler
mais;
? O
jovem é diferente e é preciso saber lidar com isso, buscando nele o espírito de
liderança, diversidade e a melhora contínua;
? O
estágio é uma oportunidade do jovem participar do ambiente corporativo;
? Há
o problema do emprego para o recém-formado, pois os programas de trainees são
muito concorridos;
? A
nova idéia é trabalhar o foco no cliente, no grupo e no resultado, incluindo a
curiosidade, inteligência emocional e comunicação.
Via de Acesso